sábado, 15 de dezembro de 2007

OS CINCO TERMOS CAPITAIS DE NIETZSCHE

Niilismo
(Nihilismus)

Expressão polivalente. Movimento intelectual e político do século XIX, e também expressão usada por Turgueniev para definir a descrença nas tradições religiosas e institucionais até então vigentes. Os crentes do Nada (do latim nihil) talvez fosse apropriado dizer, apesar de paradoxal ou contraditório. Assim classificaram-se os militantes do ateísmo, os anarquistas, os populistas russos, e todos aqueles que se empenhavam em desafiar as normas de comportamento e a duvidar ostensivamente da religião e da existência de Deus. Uma das marcas da modernidade.

Transvaloração
(Umvertung aller Werte)

Exigência da filosofia nietzschiana na recuperação dos valores nobres perdidos, fazer do "mau" voltar a ser "bom", elogiar o orgulho, a vaidade, a soberba e a arrogância humana, e até o desejo de vingança, desprezar o que é vil, o que é fraco, o que é humilde, o que recende à ralé. Inverter totalmente os valores éticos do cristianismo, reabilitando os antigos valores esgotados da cultura. De certa forma é a restauração do ethos pagão que girava ao redor do herói e do guerreiro intrépido.

Super-homem
(Übermensch)

Teoricamente aquele que irá superar (Über) o homem. Um novo ser que, trazendo as novas tábuas, assumirá na totalidade a responsabilidade de viver num mundo ausente de Deus. Caracteriza-se por sua determinação absoluta, pela confiança em sua intuição, pelo seu caráter inquebrantável, por uma solidão ativa, corajosa, e sem concessões no tocante a sua meta (Werke). Ele é um criador, um duro, que não se deixa tomar pela compaixão, dele é o devir.

Vontade de potência
(Wille zur Macht)
Trata-se da pulsão permanente pela vida e pelo domínio. Requer a mobilização completa das energias, físicas e mentais, para incessantemente conduzir as coisas às últimas conseqüências. Wille zur Macht é o domínio e a superação de si, das debilidades, e, também domínio sobre os outros e sobre a natureza. A vontade liberta porque é criadora.

Eterno retorno
(ewige Widerkunft)
Repto nietzscheano à idéia do progresso dos evolucionistas; à divisão em três etapas da história dos positivistas; à crença do cristianismo na salvação da alma, nascida em pecado e redimida pela graça. É uma retomada da concepção cíclica (ciklós) dos pitagóricos e dos estóicos que viam um eterno perecer e renascer da natureza e da história. Tudo que houve exaurido o Grande Ano, voltará a ocorrer, intermediado pelo fogo e pela destruição periódica.